Já passou mais de um ano.
Já passou tanto tempo e ao mesmo tempo parece que foi ontem. Ontem que foste sem retorno.E no entanto, há coisas que quase parecem iguais. Que se mantêm no mesmo sítio. Da mesma forma. Com o mesmo cheiro. E eu questiono-me, se é a minha tentativa de imortalizar. De te manter próximo mesmo sem estares presente. Não me conformo, não consigo.
Tenho tudo presente.
Lembro-me de ti a toda a hora.
Lembro-me do nosso último abraço. Às vezes parece que o sinto ainda.
Dos teus olhos a cruzarem os meus, pela última vez, em que ambos sabiamos o que ia acontecer;
Da última vez que nos rimos, por causa do preço dos pneus;
Do medo que tinhas que eu te apanhasse a andar de bicicleta na marginal;
Do dia em que me deste, orgulhosamente, a caixa de música;
Do dia da vacina;
Da frase "chegou a minha menina!"
Do dia em que foste para o hospital e do teu alívio quando me viste e da aflição que tinhas na cara por me veres chorar;
Do abraço que deste a avó naquele dia em que não precisaste de palavras para lhe dizeres que a amavas incondicionalmente (como ela te ama a ti!);
De te dizer adeus, quando passava por ti, de manhã, no banco do jardim e da tua cara de gozo a dizeres adeus sem saberes muito bem a quem;
Lembro-me de tudo.
E tenho pena. Pena de não te ter dito, ainda mais, o quanto gostava de ti. A importância que tinhas. O que representavas.
E depois, depois temos aquelas coisas todas, que vejo todos os dias. Que te mantêm perto. Como a bicicleta, que está no mesmo sítio. A praia de Carcavelos. O banco do S. Jorge. A caixa de música. A estrela do mar que tenho no braço. No fim, são tudo coisas que te imortalizam.
Tenho saudades tuas, Avô Carlos. Do teu amor e dos teus abraços.
1 comentário:
okeyzinho
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